Mayada Al-Askari nasceu numa poderosa família iraquiana, num meio onde primavam a riqueza, a educação e o orgulho na herança cultural dos seus antepassados.
Os seus avós eram ambos tidos como heróis: um deles lutara ao lado de Lawrence da Arábia, o outro era considerado o primeiro verdadeiro nacionalista árabe.
O tio fora primeiro ministro durante quase quarenta anos e a sua mãe desempenhara um importante papel no mundo da política.
Mas quando o impensável aconteceu, a tomada do poder por Saddam Hussein, Mayada deu por si sozinha em Bagdad, divorciada, com dois filhos e rendimentos que mal lhe garantiam a subsistência.
Longe iam os dias em que a vida era feita de privilégios e espontaneidade.
No seu lugar, estava agora um mundo de brutalidade e medo, que culminará numa manhã de Agosto, em 1999, quando é sumariamente presa e levada para a famosa prisão de Baldiyat, falsamente acusada de imprimir propaganda antigovernamental.
É então encarcerada numa minúscula e imunda cela, juntamente com mais dezassete "mulheres-sombra", isolada do mundo e proibida de receber visitas.
Mayada não é apenas a biografia de uma mulher intimamente ligada à história do Iraque, é uma poderosa acusação a Saddam Hussein e ao mundo de terror e intimidação que construiu.
Paralelamente, é também um olhar sobre as vidas e os sentimentos daqueles que sofreram enormemente sob um dos mais cruéis regimes da História.
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