Matilde tinha uns olhos escuros, brilhantes, profundos como a noite.
O cabelo, da cor das Deusas do Olimpo.
As asas, de ouro, bordadas a fios de seda.
Os pensamentos, povoados de sonhos.
O desejo, incandescente, de voar, de rasgar, horizontes cada vez mais altos.
Matilde, como Ícaro, era dotada de asas, e como Ícaro, por inusitada coragem, experimentou a dor de chegar perto do sol.
Do mesmo sol que dá a vida e que a tira.
Viveria tudo outra vez, exactamente da mesma forma.
Não trocaria o que viveu com Vladimir Krapov por nenhuma outra existência do fogo que sempre queima as asas que ousam desafiar as leis do universo e da vida.
A sua luz era tão intensa que Matilde duvidava não ser ela própria criação daquele moscovita de 45 anos que um dia lhe arrebatou a alma.
Este romance de Joana Miranda oferece-nos momentos de puro deleite, numa escrita que flui, poderosa e rica
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