terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Adenoamigdalectomia

Este nome estranho e comprido traduz-se na operação aos ouvidos, nariz e garganta.
É indicada quando a criança tem dificuldade em respirar e ressona devido ao crescimento das amígdalas e dos adenoides e fica com uma otite serosa que prejudica a audição.
O crescimento dessas estruturas ocorre, geralmente, após uma infecção vírica, como uma gripe, e quando não voltam a reduzir, as amígdalas na garganta e os adenoides, que são uma espécie de carne esponjosa que se localiza dentro do nariz, impedem a passagem do ar e aumentam a humidade dentro dos ouvidos, provocando um acumular de secreção que pode levar à surdez, se não for tratada.
Esta obstrução, por norma, provoca o ressonar e a apneia do sono, que é a paragem respiratória durante o sono, colocando em risco a vida da criança.
Normalmente, o aumento das amígdalas e adenoides regride até aos 6 anos, mas nos casos mais frequentes, entre os 2 e os 3 anos de idade, é indicada a cirurgia que é feita de forma simples, mas com anestesia geral e tem a duração de 30 a 45 minutos.
A retirada dos adenoides e das amígdalas é feita pelo nariz e pela boca sem necessidade de cortes na pele.
É também introduzido um tubo, chamado de tubo de ventilação no ouvido interno, para arejar o ouvido e drenar a secreção e é removido passados 12 meses.
Durante esse tempo, é aconselhável o uso de tampões nos ouvidos no mar, piscinas ou até mesmo quando se toma banho em casa para evitar que entre água.
A recuperação da cirurgia depende de criança para criança, podendo causar dores de garganta moderadas a intensas, sendo aliviadas com analgésicos prescritos pelo médico.
Nesta fase do pós operatório é importante que a criança coma gelados, iogurtes, gelatinas ou líquidos frios. Convém ser algo que não irrite a garganta da criança ou prejudique a sua cicatrização, como o pão.
Durante a semana seguinte à operação, a criança deve evitar frequentar espaços fechados e com muita gente e não deve ir à escola para evitar infecções.


Tinha um dos meus filhos 3 anos quando fez esta operação à garganta, ouvidos e nariz.
Já andava a reparar há algum tempo que o meu filho ressonava muito alto e além disso, havia paragens respiratórias durante o sono.
Decidi que iria falar com a pediatra dele durante a próxima consulta de rotina e assim fiz.
Encaminhou-me para o otorrinolaringologista que foi um anjo caído do céu.
O meu filho só conheceu este médico no momento antes de entrar para o bloco operatório, quando estávamos só os dois e o dr nos veio cumprimentar e dizer que ia correr tudo bem.
Em duas consultas que o meu filho teve com o otorrino, esteve sempre a dormir ( não descansava o suficiente durante a noite).
O exame que fez para confirmar a apneia foi uma mera pro-forma, uma vez que o médico assistiu ao vivo e a cores às paragens respiratórias dele e ao ressonar imenso.
Quando nos disse que a criança corria um sério risco de vida, é que me caiu a ficha.
A apneia pode provocar o aparecimento de problemas cardiovasculares e aumentar a morte súbita por causa cardíaca.
Agendou a cirurgia para a semana seguinte, pelo meio ainda teve uma consulta com uma anestesista.
No dia da operação, fiz-me de forte perante ele, mas assim que entrou para o bloco operatório, desfiz-me em lágrimas. Sabia que ia demorar cerca de 30 ou 45 minutos, mas passou mais de 1 hora e nada.
Assim que o vi sair do bloco, fui a correr e pude estar com ele na sala de recobro.
Não arredei pé para ele poder sentir a minha presença. Estava com os lábios e o nariz ensanguentados, além de inchados.
O cirurgião veio ter comigo ao recobro e disse que tinha corrido tudo muito bem e que não tinha sido necessário introduzir o tal tubo de ventilação, fizeram apenas uma grande limpeza aos ouvidos.
O acordar dele foi o pior!! Gritou tanto que ainda hoje, passados quase 5 anos da operação, ainda o ouço como se fosse ontem. Quanto mais gritava, mais lhe doía, e era isso que eu lhe dizia numa tentativa vã de o acalmar, mas com 3 anos, ele não percebia, e era a maneira dele me dizer que doía muito. No entanto, eu tinha-o preparado para a operação, disse-lhe tudo o que ia acontecer, mas naquela altura, ele mandou tudo isso às urtigas.
Aumentaram-lhe os analgésicos intra-venosos e passada 1 hora, fomos para o quarto.
A operação foi de manhã e ficámos no hospital o resto desse dia e saímos no dia seguinte perto das 15 h.
Já no quarto levaram-lhe 2 gelados que ficaram a derreter no tabuleiro, pois ele nessa altura não gostava de gelados. Trouxeram-lhe então uma espécie de pudim, mas ele nem sequer estava disposto a fazer um esforço, por isso não o comeu também. Só gritava, gritava....
Eu tinha levado para o hospital uns carrinhos do Faísca McQueen, os preferidos dele ainda hoje, e atirou-os pelo ar, tão danado que estava.
Depois de um bom par de horas nisto, lá acalmou e adormeceu. Já me tinham informado que isso iria acontecer, pois ainda estava sob efeitos da anestesia geral.
Eu estava em fraqueza, não tinha conseguido comer nada durante o dia todo, sentia-me prestes a desmaiar.
Ele acordou passados uns meros 30 minutos e aí já lá estava o irmão mais velho. Foi o único que o conseguiu distrair por breves minutos ao ponto dele não gritar. Eu pensei que o pior já teria passado, mas estava redondamente enganada!
Mal saiu o pai e o irmão (tinha acabado o horário das visitas) desatou num pranto!! Mais gritos e gritos e eu quase a desmaiar. Deitei-me ao lado dele na cama e lá ficou, muito inquieto a noite inteira.
No dia seguinte bem cedo, o cirurgião fez-nos uma visita, observou-o e disse que estava tudo bem. Ia dar-lhe alta à tarde. Deu-me o contacto dele de casa, do telemóvel e já tinha também o do consultório.
Disse-me para ter paciência, que iam ser duas semanas complicadas, mas a primeira mais do que a segunda. E foram as duas semanas mais longas da minha vida até aquela altura.
Todas as noites durante uma semana, o médico me ligou para saber a evolução.
Eu tinha de lhe dar analgésicos para as dores, mas tinha muitas dificuldades em conseguir que ele engolisse os xaropes e comecei a dar-lhe antes em supositório.
Ficou cerca de três semanas em casa protegido contra alguma infecção, mas claro, como ainda não frequentava a escola, "táva-se bem".
Uma das partes más, também foi o facto de ele querer comer e não conseguir. Via-se que o miúdo estava com fome, mas tudo lhe custava a passar na garganta, bebia uns iogurtes líquidos a muito custo. Para ele não ver, nós tínhamos de comer às escondidas dele. Era mesmo muito mau!
Na terceira semana já andava fresco e fofo.
Como cada caso é um caso, há crianças em que o pós-operatório corre muito bem, mas o meu filho passou quase duas semanas a gritar, dia e noite, mas eu nunca o deixei uma noite que fosse!
O meu marido, dizia-me muitas vezes que ficava ele com o menino para eu poder descansar, mas eu era e sou muito teimosa e nunca aceitei.
Coisas de mãe galinha!!

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