segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Começar a andar tarde...

O meu filho mais novo começou a andar aos 22 meses de idade.
Quando  fez 1 ano, esperávamos que mais dia menos dia, ele começasse a dar os primeiros passos...mas nada.
A pediatra dizia-nos que não era preocupante até aos 18 meses.
Estes chegaram, partiram e nada...
Começou o stress, aliás, já tinha começado bem antes, mas a partir daí, ficámos seriamente preocupados e ansiosos.
Como a pediatra não dava mostras de querer fazer alguma coisa a esse respeito, fomos procurar outra pediatra que nos foi aconselhada por um familiar.
Tudo o que fizemos daí para a frente, foi particularmente e ficou muito caro, mas tínhamos de saber e rapidamente, porque é que o nosso filho não andava.
Se houvesse algum problema com ele, tínhamos de o tentar resolver e bem depressa.
Não chorei um único euro gasto naquela altura.
Esta nova pediatra mandou fazer uma ressonância magnética à cabeça do menino para saber se haveria algum problema neurológico.
Como as crianças são incapazes de permanecer sossegadas durante os 30 minutos que dura o exame, teve de levar anestesia geral.
Ajudei a segurar na máscara da anestesia e entretive-o até adormecer.
Deu-me um nó no peito...ele lutou tanto contra o sono inevitável...
Por fim, lá adormeceu e eu saí. Quando acabou, chamaram-me.
Ele ainda estava a dormir e pediram-me para chamar por ele para começar a despertar.
Foi tudo indolor, nessa parte eu estava tranquila.
Os meus pensamentos iam para o resultado, mas graças a Deus, adiantaram-me logo que estava tudo bem.
Dali, fomos para uma consulta de neurocirurgia e levámos a ressonância para termos uma melhor interpretação do especialista que nos disse, novamente, que estava tudo ok, não havia qualquer problema.
Seguiu-se uma consulta de desenvolvimento, onde avaliaram possíveis défices sensoriais, cognitivos e motores do meu filho. Avaliaram também perturbações do espectro autista.
Lembro-me que durante a consulta, passou na rua uma ambulância com as sirenes ligadas, e o meu filho, muito depressa, diz: "tinóni, tinóni".
"Pronto, autista ele não é!" Disse-me a médica. "Os autistas vivem num mundo só deles sem ligar ao que os rodeia e o vosso filho reagiu ao som da sirene."
É que nem sequer tinha pensado nessa hipótese!
O ortopedista também não escapou à nossa procura de um possível problema.
Depois de ver o raio x que nos tinha mandado fazer às pernas do menino, disse-nos de caras: "Cancro não é".
C'um caraças!!! Isto vai de mal a pior!!
Tínhamos de continuar à procura.
A pediatra encaminhou-nos para um fisioterapeuta pediátrico, onde depois de duas sessões e muitos exercícios, também nos disse que não havia nada errado com a criança. Várias consultas e exames depois e excluídas todas as hipóteses, chegou-se à conclusão que ele deveria ser preguiçoso.
 Foi precisamente isto que se confirmou cerca de duas semanas mais tarde.
Um dia, quando chegámos ao infantário para ir buscar o nosso filho, a educadora disse-nos para espreitarmos para o recreio, mas com cuidado para ele não nos ver.
Perto dele, estava uma senhora auxiliar e um carrinho daqueles em que eles se sentam e com os pés no chão, dão impulso para andar.
A tal senhora empurrava o carrinho para 1 metro adiante e o meu filho dava uns passos para ir buscar o carrinho. Quando lá chegava, a senhora tornava a afastar o carrinho mais um pouco...e o meu filho dava mais uns passos para ir ter com ele.
De cada vez, as distâncias iam sendo maiores...mas, pelos vistos, isso não era problema para o safadola!!
Ficámos boquiabertos!!
No infantário disseram-nos que ele já fazia aquilo há algum tempo, mas não nos disseram nada, queriam que víssemos com os nossos próprios olhos, só que ainda não tinha surgido o momento certo. Ele só andava quando lhe apetecia e não quando lhe diziam para o fazer!
Assim que ele nos viu, sentou-se no chão disfarçadamente. Desgraçado!!
Fez-nos correr dúzias de médicos, fazer resmas de exames, gastar rios de dinheiro e era só...preguiça??
Mas claro que ficámos muito contentes e suspirámos de alívio!!
Ele que nunca gatinhou, só se arrastava de rabo pela casa (devia ser mesmo pesado aquele rabo).
Como viu que já não lhe adiantava nada fingir que não conseguia andar, sim porque depois não lhe facilitámos a vida, ele queria uma coisa, tinha de a ir buscar, decidiu que a brincadeira já tinha ido longe demais e uns dias depois "corria" pela casa.
Tudo está bem quando acaba bem!!

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