Natascha Kampush, cidadã austríaca que ficou conhecida pelo seu sequestro no dia 2 de Março de 1998, quando tinha 10 anos de idade e que passou mais de oito anos em cativeiro numa cela na cave de casa do seu captor, Wolfgang Priklopil.
O rapto aconteceu quando ia a caminho da escola. Natascha escapou no dia 23 de Agosto de 2006.
A história chocou o mundo.
Cativa e isolada do mundo, da infância ao fim da adolescência, foi submetida a todo o tipo de humilhação psicológica e sexual, tortura física, privação de comida e luz.
Nos primeiros seis meses, não teve autorização de sair da cela em nenhum momento, não podia tomar banho a não ser numa pequena tina e não podia olhar ou falar com Wolfgang sem autorização.
Em Dezembro de 1999, com 21 meses de cativeiro, ela pôde respirar ar puro pela primeira vez, quando Priklopil a autorizou a passar alguns momentos no jardim de sua casa, à noite..
Natascha, muitas vezes dormia algemada na cama de Wolfgang a partir dos 14 anos.
Era obrigada a rapar o cabelo, passou fome, era obrigada a lavar, cozinhar, arrumar e limpar a casa quase nua. Quando o seu sequestrador resolveu remodelar a casa, Natascha foi o seu único operário.
Tentou três vezes o suicídio: pegou fogo a uns papéis na sua cela para morrer intoxicada com o fumo, tentou o estrangulamento com peças de roupa e cortou os pulsos, mas nunca conseguiu levar até ao fim os seus intentos.
O estado psicológico e o domínio mental que o seu sequestrador exercia sobre ela, impediram qualquer hipótese de fuga.
Depois de alguns anos de cativeiro, em que o mais longe que conseguia chegar, era o jardim da casa, Priklopil a levou ao mundo exterior, pouco antes de Natascha fazer 18 anos.
Foram a uma estação de esqui nas montanhas perto de Viena. Esta viagem foi cuidadosamente planeada, que a seu jeito tentava fazer uma vida normal com Natascha.
O sequestrador esteve sempre por perto da sua vítima, ameaçando-a que a mataria caso chamasse as atenções. Houve um momento em que Natascha foi ao wc e conseguiu falar com uma senhora que lá se encontrava, disse-lhe o seu nome e que estava sequestrada, pedindo-lhe ajuda. A senhora sorriu, virou costas e saiu.
Isso foi um duro golpe psicológico para Natascha que ficou com a certeza de ter sido esquecida pelo mundo. Mais tarde, soube-se que a senhora era holandesa e não tinha percebido o que Natascha lhe havia dito.
Nessa viagem, tentou por diversas vezes chamar a atenção das pessoas, mas nunca foi reconhecida.
No dia 23 de Agosto de 2006, Natascha estava no jardim a aspirar o carro de Wolfgang, quando ele recebeu um telefonema e se afastou por causa do barulho do aspirador. Natascha aproveitou a oportunidade, e sem desligar o aspirador, fugiu pelo portão do jardim que estava, pela primeira vez, semiaberto. Correu a pedir ajuda a quem encontrou pelo caminho e por fim, apareceu a polícia que a levou para a esquadra, terminando, assim, os 3.096 dias de cativeiro.
O encontro com a família foi feito em estado de choque e euforia, com risos, lágrimas e gritos.
Com a fuga de Natascha, Wolfgang fugiu de casa e encontrou-se com um amigo num centro comercial até ter a sua imagem capturada pelas câmaras de vigilância e ser reconhecido. No fim do dia, ao perceber que tinha toda a polícia no seu encalço, suicidou-se, atirando-se para a frente de um comboio.
Falhas graves ocorreram durante a investigação, pistas importantes foram negligenciadas: o depoimento de uma menina de 12 anos, Ischtar Akcan, que declarou ter visto Natascha ser sequestrada por um homem que a colocou dentro de uma carrinha branca, feito dois dias depois do sequestro, só começou a ser investigado duas semanas mais tarde e nunca foi pedido a Ischtar que fizesse uma descrição do homem que viu. Além disso, a polícia disse, através dos meios de comunicação social, que iam investigar várias carrinhas brancas da cidade.
Isto deu tempo a Wolfgang para se preparar ao encher a sua carrinha de entulho e quando foi visitado pela polícia, no 43º dia de cativeiro, contou aos agentes que estava a fazer obras em casa e utilizava a carrinha para o transporte do material. O seu álibi foi somente a sua declaração sobre o dia em questão em que afirmou não ter saído de casa.
A sua casa nunca foi revistada e cães pisteiros não foram usados durante a investigação.
Outra pista muito importante foi totalmente ignorada: dias após o sequestro, uma denúncia por telefone acerca de um indivíduo que teria uma carrinha branca de marca Mercedes, conhecido por ser um "lobo solitário" com dificuldades de relacionamento com a vizinhança que vivia numa casa com grades e alarmes, e que se supunha ter preferência sexual por crianças com cerca de 35 anos e 1,80m de altura. Esta denúncia levava directamente a Wolfgang Priklopil.
Natascha escreveu um livro, "3096 dias" em que conta com as suas próprias palavras os seus dias de cativeiro.
Natascha Kampusch
Wolfgang Priklopil
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