"Quero falar a sós contigo, dizer-te tudo pela primeira vez; hás-de ficar a saber toda a minha vida que sempre foi tua e acerca da qual jamais soubeste. Contudo, apenas hás-de ficar a saber do meu segredo quando estiver morta, quando já não tiveres de responder-me, quando chegar verdadeiramente ao fim aquilo que agora me estremece pés e mãos, ora me afrontando, ora me enregelando.
Caso fique viva, então rasgarei esta carta e guardarei silêncio como sempre fiz. Caso a tenhas em teu poder, ficas então a saber ser uma morta quem te conta aqui a sua vida, que foi a tua desde a sua primeira até à última hora."
Era o dia do seu quadragésimo aniversário e o conhecido romancista R. recebia, entre a habitual correspondência, uma misteriosa carta.
Escrita à pressa, com letra de mulher, duas dúzias de páginas de uma confissão que começava assim:
"Para ti que nunca me conheceste".
"Carta de uma desconhecida" é um dos mais aclamados livros de Stefan Zweig que traça um profundo retrato psicológico de uma mulher que amou sem ser amada.
Uma relíquia literária onde o autor austríaco descreve com mestria os sentimentos humanos e o drama das suas contradições.
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