Sempre que ia fazer surf para o Guincho, Cristina esquecia-se do mundo.
Para ela havia, nesses momentos, apenas o seu corpo na prancha e a imensidão azul, mar e céu.
No embalo das ondas não pensava na sua agenda totalmente preenchida, nas inúmeras solicitações que tinha enquanto mulher de um bem sucedido empresário da comunicação social e directora da mais recente aquisição do marido, o diário O Popular.
Esquecimento e desafio, era isso que procurava em cada ida ao Guincho, mas a beleza pura e agreste daquela praia, viria a evocar-lhe, um dia, bem mais do que isso e ao contemplá-la seria invadida por uma outra beleza que se misturava com aquela, mas que tinha tonalidades incrivelmente profundas e ricas.
Conheceria Miguel ali e seria também ali que iria sentir a força e o espírito de um amor intenso, corajoso e rebelde, um amor que viria a mudar para sempre a trajectória da sua vida.
Mas, por enquanto, Cristina concentrava-se apenas nos tubos azuis e brancos das ondas e não sonhava ainda que viria a apaixonar-se por um dos jornalistas mais creditados do "O Popular".
Sem comentários:
Enviar um comentário